Dia Nacional da EPT: egressa de automação industrial inspira outros jovens a cursarem ensino técnico

Fonte

Itaú Educação e Trabalho

Data

20/09/2022

Formato

Notícia

Acesso

Livre

Dia Nacional da EPT: egressa de automação industrial inspira outros jovens a cursarem ensino técnico

Exatamente no Dia Nacional da Educação Profissional e Tecnológica, 23 de setembro, Fernanda Fujishima, egressa de um curso técnico de automação industrial integrado ao ensino médio, comemora 20 anos de idade. Entusiasta e defensora da formação técnica e profissional, a jovem paulistana é um exemplo de inserção no mundo do trabalho: após ter sido aprendiz, foi contratada, já mudou de empresa e agora inicia a faculdade de engenharia de produção, conciliando trabalho e estudo. Sua trajetória inspiradora encontra-se na entrevista a seguir, veiculada pelo Observatório da EPT para marcar a data e para exemplificar a relevância dessa modalidade educacional.

Como se interessou pelo curso técnico? 
Começou na escola privada onde eu tinha uma bolsa, no fundamental 1, quando tinha aulas de robótica, que despertaram o interesse pela área de tecnologia. Fiquei totalmente apaixonada. No nono ano do fundamental 2, vi a possibilidade de seguir o fluxo da maioria, que era ir para uma escola do ensino médio regular, ou então optar por um curso de uma área da qual eu já gostava, que envolvia matemática e tecnologia.

Tive muito incentivo da minha mãe, que na época fazia um curso técnico de segurança do trabalho e me informou sobre cursos de automação industrial e eletrônica. Ela me levou para a feira dos TCCs e foi um dia em que fiquei maravilhada porque vi gente com 17 anos saindo do ensino médio já com projetos industriais muito bacanas. Nesse dia, decidi: ‘é isso o que quero’. Além disso, teve certa influência o fato de meu pai ser técnico em eletrônica porque vejo placas eletrônicas aqui em casa desde que eu era bem pequena.

Quais as principais dificuldades durante o curso? 
O primeiro ano de automação industrial foi o mais difícil porque exigiu uma adaptação ao esquema do ensino integral e o desenvolvimento da minha autonomia, independência e organização pessoal porque na Etec temos que fazer muitas coisas e boa parte delas fazemos por conta própria. A Etec vai mudando a sua cabeça. Por exemplo, ela te dá uma situação para você aprender como vai resolvê-la. Não pega muito na sua mão, nem dá um tutorial detalhado. Isso vai gerando um amadurecimento e uma disciplina no aluno.

O que foi mais marcante no seu processo de aprendizagem?
Criar o primeiro robô, o primeiro aplicativo e a primeira fonte de alimentação me marcaram muito. Houve projetos bastante marcantes para mim porque consegui fazer uma ligação com o que eu queria fazer para o futuro. No meu TCC, criei um projeto no qual eu consegui me ver ali e saber que era aquilo que eu queria fazer no futuro. Desenvolvi um aplicativo que controlava a máquina que meu grupo iria construir. Fiquei responsável por mandar os comandos e cuidar dos códigos, fazendo o “match” entre o hardware e o software. Nesse momento, descobri que queria fazer aquilo na minha vida, ou seja, produzir soluções para máquinas ou equipamentos.

O que considera o principal diferencial do ensino técnico? 
O trabalho em equipe, que foi um novo desafio para mim também, em relação ao ensino fundamental, além do apoio dos professores. O corpo docente da minha Etec [Etec Takashi Morita, na zona sul da capital paulista] era formado por profissionais com muita experiência de mercado e conhecedores de muitas empresas que abriam um leque de oportunidades para nós alunos. No curso técnico, os professores viram seus amigos e se tornam seus maiores conselheiros. O fato de ter participado do grêmio e de todas as suas atividades, como feiras e eventos, também me abriu a cabeça.

Como foi seu ingresso no mundo do trabalho? 
Assim que me formei em técnica em automação industrial junto com o ensino médio, queria ter a minha primeira experiência profissional. Comecei a procurar na área e fui indicada por um amigo e por um professor para a primeira empresa, onde entrei como jovem aprendiz, que é uma multinacional alemã de automação industrial que vende equipamentos inseridos dentro das máquinas. Aprendi sobre os produtos e seu funcionamento técnico durante um ano e meio.

Assim que fui efetivada, o fundador me convidou para integrar o time da start-up que eles iriam abrir, cujo foco é ser um marketplace para as indústrias. É onde atuo hoje, trabalhando mais com gestão de operações e desenvolvimento. Vou iniciar agora em setembro as aulas noturnas na UFABC na graduação de engenharia de produção. Fiz cursinho pré-vestibular e já havia passado antes na UFSCar, mas não teria condições de me manter sozinha no interior do estado.

Quais são seus planos para o futuro? 
Quero estudar fora. Sempre quis ter uma experiência internacional. Fiz aplicações para algumas universidades americanas, mas lá para conseguir bolsa é bem mais difícil. Cheguei a passar em algumas menores, mas não com a bolsa, então, desconsiderei essa hipótese. Penso em optar pela graduação “sanduíche”, que dá a opção de você continuar parte da sua faculdade fora do país e te abre para novas conexões. E, em termos de carreira, hoje tenho uma visão muito de empreendedora por conta da área onde trabalho. Sou apaixonada por empreender. Sonho em ter o meu próprio negócio, provavelmente voltado à área de softwares, que exigirá muitas habilidades de gestão, que estou aprendendo agora na start-up.

Você recomendaria o curso técnico para um jovem de 14 anos? Por quê? 
Acho que sou a pessoa que mais balança a bandeira do ensino técnico que eu conheço porque você se desenvolve como pessoa e como profissional. As empresas, por exemplo, procuram experiência, mesmo em quem nunca tenha tido experiência e que ainda esteja no início de carreira. Ao comparar os currículos de jovens entre 18 e 21 anos, se a pessoa tem só o ensino médio regular e não tem cursos complementares ou não tem um curso técnico, ela vai ficar um pouco para trás em relação a quem cursou o técnico ou tem um currículo um pouco mais completo.

O curso técnico cria um perfil de pessoa que as outras escolas “normais” não criam e hoje em dia isso faz muita diferença. O empresário contratará um profissional bem novo, que já virá com uma bagagem e que, além das capacidades técnicas, estará preparado para resolver problemas e será proativo e comunicativo porque o ensino técnico engloba trabalho em equipe, comunicação, proatividade e resolução de problemas. São esses pilares que criam exatamente o perfil que o mercado procura. Eu não estaria onde estou hoje em termos profissionais sem o curso técnico, que me preparou para a vida, não só para uma vaga no mercado. Além disso, tem a troca de experiência com os colegas, pois é criada uma rede de conexões muito positiva entre nós. E, no futuro, mesmo para quem quer fazer uma graduação, o mercado valoriza quem já é técnico e tem também um diploma universitário posterior.