Oferta da EPT tem de acompanhar economia 4.0 e economias emergentes
A oferta da EPT precisa estar cada vez mais alinhada às transformações na economia e às demandas do setor produtivo e trabalhar nos jovens as competências e habilidades necessárias à nova configuração produtiva chamada de Quarta Revolução Industrial. Essa é uma das discussões presentes na pesquisa “O futuro do mundo do trabalho para as juventudes brasileiras”. A investigação é uma realização do Itaú Educação e Trabalho, Fundação Arymax, Fundação Roberto Marinho, Fundação Telefônica Vivo e GOYN-SP e foi executada pelo Instituto Cíclica, com apoio do Instituto Veredas.
Também conhecida como economia 4.0, a Quarta Revolução Industrial caracteriza-se pela combinação e o crescimento exponencial de tecnologias avançadas, como internet das coisas, inteligência artificial, robótica, computação em nuvem e big data, com aumento da automatização e da digitalização dos processos produtivos.
Estudos apontam que o impacto desse cenário sobre o emprego tende a ser maior nos postos de trabalho com atividades baseadas em rotinas e repetições. Já as ocupações que exigem habilidades como criatividade, pensamento crítico, liderança, adaptabilidade e contato interpessoal devem ser menos afetadas, pois são menos automatizáveis. De acordo com a pesquisa citada, com a economia 4.0, passam a ser mais valorizadas oito habilidades: socioemocionais; motoras especializadas; tecnológicas; de administração; ambientais; de vendas; criativas; de cuidado.
Com alto potencial de crescimento nos próximos anos, as economias emergentes ou novas economias estão divididas em cinco tipos: economia verde, economia do cuidado, economia prateada, economia criativa/laranja e economia digital.
As carreiras na economia verde, que preserva ou restaura o meio ambiente, exigem habilidades ambientais, tecnológicas e de administração. As ocupações na economia criativa ou laranja, que engloba atividades artísticas e culturais, requerem habilidades artísticas, de apoio e assistência, criativas, socioemocionais, de vendas e motoras especializadas.
A economia do cuidado e a economia prateada, relacionadas ao envelhecimento da população e à mudança de estruturas familiares, demanda habilidades de cuidado, administração, tecnológicas, de vendas e socioemocional. A economia digital oferece ocupações que exigem habilidades motoras especializadas, de mineração de dados, operacionalização de informações e produção de análises, familiaridade com o inglês, domínio de linguagens de programação e de bancos de dados.
“Para os jovens estarem preparados para o futuro do trabalho, é preciso que eles sejam sintonizados com as novas economias que estão despontando e com outras que porventura vão despontar no médio prazo no Brasil e no mundo. Por isso, eles precisam de uma formação robusta, que lhes dê a condição de ocupar esses novos lugares e de avançarem em seu desenvolvimento profissional”, avalia Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho (IET).
A pesquisa do futuro do trabalho também problematizou o descompasso dos cursos profissionalizantes oferecidos aos jovens no Brasil em relação à real e à atual necessidade do setor produtivo do país, gerando uma distância entre as formações e as demandas do mercado por profissionais, sobretudo nas economias emergentes. As recomendações de melhorias incluem: antecipar-se às demandas por profissionais qualificados, formar docentes e desenvolver habilidades estratégicas nos alunos.
Essas melhorias exigem aproximação entre o sistema de educação e a aprendizagem no ambiente de trabalho, estreitando as relações entre os ambientes escolares da EPT e os espaços reais de trabalho, atualização constante dos currículos oferecidos, além de formação docente (inicial e continuada) em EPT nas escolas/universidades e de tutores nas empresas.
A íntegra da pesquisa “O futuro do mundo do trabalho para as juventudes brasileiras” pode ser baixada neste link.