Certificação no Piauí reconhece habilidades técnicas de trabalhadores

Iniciativa

Certific-PI

Estado

Piauí

Última atualização

21/10/2022 às 19:58

Data

31/05/2022

Formato

EPT nos Estados

Acesso

Livre

Certificação no Piauí reconhece habilidades técnicas de trabalhadores

O Piauí, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), está desenvolvendo uma política pública de certificação profissional de trabalhadores em diversas áreas técnicas. O objetivo do Programa de Certificação Profissional do Piauí (Certific-PI) é reconhecer e autenticar formalmente profissionais a partir de 18 anos, inseridos ou não no mercado, que buscam reconhecimento das habilidades adquiridas na área em que atuam, já são qualificados pela prática, pois têm saberes adquiridos em suas vivências profissionais, mas que ainda não tiveram a oportunidade de concluir sua escolaridade e adquirir formalmente o certificado.

Iniciado em 2019 em Teresina, o programa certificou primeiramente 57 trabalhadores na área de telecomunicações, em diferentes cursos: cabista de sistema de telecomunicações, instalador e reparador de equipamentos de transmissão em telefonia e instalador e reparador de linhas de telecomunicação. Em seguida, sofreu uma interrupção em 2020 e 2021 por conta das restrições da pandemia de coronavírus, sendo retomado em 2022, quando certificou 53 trabalhadores, sendo 35 na área de garçom/garçonete e 18 em mecânico de manutenção de motocicletas.

O processo de certificação estadual leva cerca de dois meses no total e conta com as seguintes etapas sucessivas: abertura de um edital público pela Seduc, inscrição gratuita dos interessados pela internet ou presencialmente na Seduc e apresentação de documentos pessoais, seleção inicial por meio da verificação da documentação dos candidatos, seleção eletrônica das inscrições homologadas de forma aleatória, matrículas presenciais na Seduc, aula inaugural, entrevista individual com equipe psicossocial (psicólogo e assistente social) e avaliação teórica e prática do desempenho profissional com o professor avaliador e o apoio da equipe pedagógica. Por fim, acontece a entrega dos certificados aos trabalhadores aptos a recebê-los, isto é, que alcançaram desempenho satisfatório em todas as etapas.

A avaliação teórica e prática inclui teste escrito e realização de atividades nas próprias empresas parceiras do programa ou dentro do laboratório da escola CEEP José Pacífico de Moura Neto. O reconhecimento de saberes profissionais, exigidos no desempenho das ocupações, está correlacionado aos cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), de curta duração, com carga horária de 240 horas, estabelecidos pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Ao final, os concluintes recebem o certificado de FIC (Formação Inicial e Continuada), alcançando assim a legitimação pela Rede Certific do Ministério da Educação. Ou seja, trata-se de um certificado válido em todo o território nacional.

Para a escolha das áreas nas quais os trabalhadores seriam certificados a Seduc executou uma pesquisa prévia, consultando dados estatísticos, como os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a fim de verificar as áreas com mais contratação e em expansão. A seguir, foram realizadas reuniões com os sindicatos e empresas privadas para compreender melhor a demanda local e verificar o percentual de trabalhadores que não tinham cursos e precisavam da certificação.

“O que temos de diferente aqui no processo de certificação são o contato muito próximo com os trabalhadores e o apoio direto dos sindicatos e das empresas. Tanto que os professores avaliadores foram até a empresa e realizaram as provas teóricas e práticas no ambiente empresarial. Certificamos trabalhadores desses ambientes (bares, restaurantes, cafés, empresa de motocicletas) e eles também cederam seus espaços para a avaliação dos demais inscritos”, relata Heline Silva Santos, coordenadora estadual do Certific-PI na Seduc.

Ela avalia que o ganho do certificado traz um empoderamento, faz o trabalhador se sentir valorizado, confere-lhe um pertencimento social e o incentiva a buscar novos espaços formais de educação para que avance em seu processo de aprendizagem profissional. Muitos deles são trabalhadores que não passaram por processos formais de educação profissional, estão em busca do certificado porque querem voltar ao mercado de trabalho e ter uma oportunidade, e o certificado é a chave para isso. Outros desejam progredir em suas carreiras, com novas oportunidades e melhoria salarial.

Para a piauiense Luana do Nascimento Santana, que foi certificada como garçonete e que já atua na área há mais dez anos, o processo foi positivo porque reconheceu os conhecimentos de sua experiência de trabalho. “Foi muito importante e gratificante esse reconhecimento formal. Foi uma oportunidade única. Nós, trabalhadores, ficamos mais motivados e passamos a acreditar mais em nós mesmos”, relata. Além disso, anteriormente, alunos do piloto inicial de telecomunicações em Teresina relataram como a diplomação do Certific-PI permitiu-lhes alcançar outro patamar na profissão e a ascensão a uma função mais bem remunerada.

A coordenadora Heline também aponta os aprendizados internos, da Seduc, durante a divulgação do programa entre os interessados e que ajudarão a equipe em ajustes futuros. “No início, grande parte dos candidatos supunha que se tratava de uma formação ou curso técnico, e não de uma certificação, o que demandou esforços da equipe para esclarecê-los sobre a finalidade da iniciativa e acabou por diminuir o total de certificados, em relação aos 200 inscritos inicialmente em cada edição”, conta.

A partir de agora, como próximo passo, a Seduc planeja levar o programa de certificação diretamente para as escolas estaduais. "A intenção é que, a todo o momento, elas possam ser uma entidade certificadora, abrindo seus editais e, com base nos cursos técnicos que já ministram, passem a certificar os trabalhadores do entorno da unidade. Por exemplo: uma escola com curso técnico de edificações poderá certificar na área da construção civil", afirma José Barros Sobrinho, superintendente de Educação Técnica Profissional e EJA da Seduc. Serão construídos materiais de apoio para as escolas a fim de que os docentes, a direção e os coordenadores sejam formados pela Seduc na iniciativa e passem a ofertá-la, ampliando o número de municípios beneficiados.

Programas estaduais como o Certific-PI reforçam a importância das parcerias e da articulação entre a área de educação e o setor produtivo para garantir melhores formações para os trabalhadores e para impulsionar o desenvolvimento social e econômico de cada região.