Pará oferta curso técnico em bioeconomia do açaí

Iniciativa

Curso técnico em bioeconomia do açaí

Estado

Pará

Última atualização

14/10/2024 às 15:45

Data

09/05/2024

Formato

EPT nos Estados

Acesso

Livre

Pará oferta curso técnico em bioeconomia do açaí

Cinquenta estudantes do Pará começaram a frequentar em 6 de maio de 2024 o curso técnico em bioeconomia do açaí, focado em todos os elos da cadeia produtiva do fruto amazônico. As duas turmas, uma no município de Igarapé-Miri e outra em Abaetetuba, na região do Baixo Tocantins, são as primeiras da nova formação de nível médio, ofertada na modalidade subsequente, com carga horária de 800 horas totais e duração de doze meses.

A formação do principal estado produtor do açaí do Brasil tem o objetivo de profissionalizar toda a cadeia e, para isso, parte de conteúdos básicos sobre o cultivo e o armazenamento e avança até a exportação, passando por aspectos como empreendedorismo, cooperativismo, novos mercados e certificação de produtos orgânicos.

O curso é dividido em aulas teóricas em sala de aula e aulas práticas em um laboratório móvel de processamento que funciona dentro de uma carreta itinerante que circula pelos municípios. O público-alvo prioritário são os pequenos produtores de açaí com ensino médio completo ou cursando Educação de Jovens e Adultos (EJA); filhos de pequenos produtores de açaí (egressos ou não do ensino médio); e estudantes de ensino médio em geral.

A proposta é o resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica do Pará (SECTET), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Itaú Educação e Trabalho (IET). Para preparar o curso, os parceiros dedicaram vários meses ao diálogo com especialistas do tema, acadêmicos, comunidades de produtores rurais, famílias produtoras, sindicatos e empresários do setor, de maneira a contemplar toda a cadeia − extração, cultivo, beneficiamento, transporte, comercialização e consumo.

Foram realizadas também uma pesquisa para entender e detalhar cada parte da cadeia produtiva, um mapeamento dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) no estado, visitas a fábricas, escutas e oficinas presenciais com as comunidades produtoras locais no Pará. Depois disso, o trabalho resultou na criação de um currículo inovador e atual, contratação de professores por meio de edital de Processo Seletivo Simplificado (PSS) e realização da formação docente específica, antes do início da oferta.

Na parceria a SECTET intermediou os contatos com os vários representantes da cadeia produtiva, essenciais à montagem do curso, cuidou da criação da carreta itinerante e dos utensílios e maquinários para processamento do fruto, de forma que ela atenda a diferentes municípios do estado, e assegurou a contratação dos docentes. O IET realizou as pesquisas, estruturou o currículo e promoveu a formação para os professores. O BID foi o responsável pela oferta de recursos financeiros, por meio de um edital voltado a fomentar a bioeconomia na Amazônia, no valor de 700 mil dólares, em uma operação de crédito não retornável.

“Essa formação foi criada para dar oportunidade para as pessoas se profissionalizarem, ganhando conhecimento científico, acadêmico e técnico para fazerem essa cadeia do açaí ser muito mais produtiva e lucrativa. Assim os produtores, sobretudo os que estão na ponta, poderão ter um aumento no valor agregado do seu trabalho, mais renda e, por consequência, uma melhoria na sua qualidade de vida”, analisa José Pereira e Silva Neto, coordenador do programa AçaíTec na SECTET.

O curso técnico em bioeconomia do açaí está dividido em cinco módulos de 160 horas cada um. Cada módulo proporciona qualificação independente e certificação intermediária, o que significa que os estudantes podem tanto cursar um único módulo, como outros, e aqueles que concluírem os cinco são diplomados como técnicos de nível médio em bioeconomia do açaí.

Os módulos ofertados são: 1 - cadeia de valor do açaí: história e cultura da sociobiodiversidade amazônica, com certificação de saúde e segurança do trabalho na cadeia do açaí; 2 - produção e manejo sustentável do açaí, com certificação em gestão da produção; 3 - qualidade e processamento do açaí, com certificação em controle da qualidade do açaí; 4 - técnicas de gestão e organização, transporte e industrialização da produção de açaí, com certificação em empreendedorismo aplicado à produção e processamento do açaí; e 5 - comercialização local, nacional e internacional, com certificação em comercialização de açaí e seus derivados.

“Esse currículo é uma solução real e tangível, que considera as particularidades do território e está adaptada às dinâmicas atuais da bioeconomia que unem cuidado ao meio ambiente, crescimento econômico e conservação ambiental. É uma grande oportunidade de inserir os jovens no mundo de trabalho com qualidade e formação profissional que lhes permitirão aumentar a produtividade dos cultivos e desenvolver a si mesmos, suas famílias e o estado”, avalia Daniel Jimenez, analista de implementação e desenvolvimento do IET.

Após Igarapé-Miri e Abaetetuba, as próximas turmas do curso começarão a ser ofertadas ainda em 2024 nos municípios de Cametá e Belém, com 25 alunos cada um, de maneira que, quando a capital paraense sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), dezenas de pessoas já terão sido formadas.

Para a professora Beatriz Padovani, coordenadora de Educação Profissional e Tecnológica da Sectet, que participou de todo o processo de criação do curso, a experiência tem sido muito enriquecedora e marcante. “Esse curso técnico tem uma importância crucial de qualificação aqui no estado, pois temos um produto espetacular, super bem aceito no mundo todo, mas ainda necessitamos de melhorias técnicas e científicas em toda a cadeia produtiva”.