Paraná mede prontidão de estudantes para o mundo do trabalho

Iniciativa

Secretaria de Estado da Educação do Paraná

Estado

Paraná

Última atualização

21/10/2022 às 19:58

Data

24/02/2022

Formato

EPT nos Estados

Acesso

Livre

Paraná mede prontidão de estudantes para o mundo do trabalho

A rede estadual de ensino do Paraná aplicou em 2021 o piloto de validação de um instrumento que mede a prontidão para o mundo do trabalho dos estudantes do ensino médio, ou seja, a condição de estar pronto para trabalhar e de se desenvolver no universo produtivo. Essa medição é importante porque ajuda a rede a verificar se está desenvolvendo essas competências nos jovens ou se pontos de seu currículo e itinerários precisam ser readequados.

O instrumento foi criado pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (LEPES), da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, com subsídio e acompanhamento do Itaú Educação e Trabalho (IET). Foram definidas três prontidões fundamentais: a prontidão para ingressar no mercado de trabalho, outra para conquistar e manter uma vaga e a última para se desenvolver e se realizar. Por sua vez, cada uma dessas prontidões é composta por diversos fatores ou competências (25 ao todo) que se dividem em três aspectos fundamentais: informação, isto é, conhecimentos objetivos do aluno sobre os fatos que envolvem o mercado de trabalho; crenças, que são conhecimentos subjetivos cultivados nos jovens; e as competências de fato trabalhadas e exercitadas por eles.

Essa foi uma etapa da parceria, que também contará com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a partir de março, a fim de que seja realizada uma pesquisa longitudinal que acompanhará a implementação do currículo do ensino médio técnico do Paraná e os seus egressos, em um total de cinco anos, para verificar, no longo termo, como se deu o desenvolvimento das competências nos estudantes.

O piloto de validação do instrumento contou com 3.375 respostas no total, sendo 2.896 estatisticamente válidas. A aplicação virtual ocorreu com estudantes paranaenses do ensino médio de 19 escolas (regulares, técnicas e cívico-militares), em agosto e setembro de 2021, após um planejamento iniciado em julho e uma mobilização das escolas e seus gestores. Essas unidades de ensino pertencem a três dos 32 Núcleos Regionais de Educação da rede estadual — Londrina, Toledo e Área Metropolitana Norte (este em Curitiba).

As escolas foram escolhidas com base em critérios como presença dos estudantes e boa relação e proximidade com seu núcleo. O piloto permitiu validar 389 itens do instrumento (divididos em 25 fatores ou competências e nos três tipos de prontidão), por meio de quinze tipos de questionários diferentes, aplicados de forma online, cada qual com cerca de 130 questões, compostas por escalas de concordância ou discordância, para cada afirmação apresentada.

O rigor estatístico do piloto e o alto número de respostas demonstraram que grande parte dos itens do instrumento era adequada, isto é, estava medindo o que de fato deveria medir em relação às competências. No fim de 2022, ocorrerá a ampla aplicação do instrumento no Paraná, em que os estudantes responderão os questionários em um aplicativo, a ser construído com os recursos da parceria com o BID. As deficiências de prontidão detectadas apontarão aos gestores educacionais quais ações ou projetos ainda precisam ser implementados para sanar as defasagens.

“Diagnosticar a prontidão para o mundo do trabalho é algo relevante porque os resultados dessa medição apontam os caminhos para aprimorarmos a atuação da nossa rede estadual no preparo dos jovens para o ingresso no universo produtivo”, avalia Alessandra Maia Rosas, chefe de Departamento de Educação Profissional e EJA da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

Após a aplicação do piloto, a equipe do LEPES analisou o conteúdo do currículo de referência do Paraná e a taxonomia (classificação) de prontidão para o mundo do trabalho, desenvolvida em 2020 a partir de vários modelos e estudos mundiais, para verificar quais itens da taxonomia já estavam sendo abordados no currículo estadual e quais itens ainda precisavam ser trabalhados. Ou seja, promoveu um pareamento entre o currículo e a taxonomia.

Depois da análise documental, foram realizadas ainda entrevistas com gestores da rede estadual, com 50 perguntas-base, a fim de analisar o que não está presente no referencial curricular, mas que a rede está ofertando ao jovem por meio de atividades e de programas que trabalham essas competências na sala de aula.

O pareamento entre currículo e taxonomia revelou que, dos 25 fatores ou competências, dez ainda precisam ser abordadas pela rede em suas atividades com os estudantes. São elas: autoeficácia; conhecimentos de procedimentos; conhecimentos de expectativas dos demais atores; conhecimento de como e quando buscar aprimoramento; flexibilidade; comunicação; competências digitais; mentalidade de crescimento; capacidade de aprender a aprender; e adaptabilidade.

O IET e o LEPES oferecerão apoio técnico para que o estado trabalhe aquilo que precisa ser aperfeiçoado. “A intenção é criarmos uma ação ao longo de 2022 que vá monitorando como o currículo é trabalhado, o que ele desenvolve, o que precisamos ajudar em termos de formação de professores e como o LEPES e sua equipe podem auxiliar nessa assessoria”, explica Carla Christine Chiamareli, gerente de Gestão de Conhecimento IET. Em paralelo, o instrumento também será testado em grande escala no Brasil em 2022 para que possa ser aplicado no território nacional.

O Paraná apresenta uma considerável expansão da oferta de EPT neste ano, e a meta até 2025 é que um terço dos estudantes de ensino médio cursem o quinto itinerário, atingindo no total cerca de 150 mil jovens. Esse incremento de oferta do conteúdo técnico se dá, principalmente, por meio de parceria da secretaria com instituição de ensino privada, cujos professores ministram as aulas em três itinerários prioritários na expansão do estado: administração, desenvolvimento de sistemas e agronegócio. Cabe à secretaria a oferta da matriz curricular construída pela rede estadual, a infraestrutura, o acompanhamento e a fiscalização da parceria e a certificação dos alunos.