Paraná revisa e atualiza matrizes e planos de curso e cria aulas de cursos técnicos

Iniciativa

Revisão e atualizão de matrizes e planos de curso e criação de aulas de cursos técnicos

Estado

Paraná

Última atualização

10/04/2025 às 15:23

Data

10/07/2024

Formato

EPT nos Estados

Acesso

Livre

Paraná revisa e atualiza matrizes e planos de curso e cria aulas de cursos técnicos

O estado do Paraná, por meio da Secretaria da Educação, está promovendo, junto com a expansão da oferta da educação profissional, a revisão e a atualização das matrizes e dos planos de curso e a confecção das aulas dos cursos técnicos integrados ao ensino médio da rede estadual, que são ofertados em 2024 a quase 97 mil alunos em 695 escolas. O principal objetivo dessas ações é contribuir para a inclusão produtiva dos jovens.

A metodologia para atualizar matrizes e planos de curso baseia-se em conversas com o setor produtivo, especialistas internos da secretaria e externos. Desde julho de 2022, foram criadas comissões setoriais para verificar cada curso técnico. Elas são formadas por representantes seniores dos conselhos regionais profissionais e das empresas, professores de universidades, além de coordenadores de curso da área técnica em questão ou diretores de escola ou de núcleo da rede estadual.

Trabalhando em encontros que duram uma semana, cada grupo tem como principal objetivo conectar os cursos técnicos existentes com a demanda atual do mercado de trabalho e assim contribuir para elevar as chances de contratação dos jovens que se formarem na rede. Para isso, primeiramente, os integrantes do setor produtivo começam os debates respondendo às seguintes perguntas: quais as competências necessárias para contratar esse profissional? O que ele precisa saber fazer? O que é fundamental que ele consiga desenvolver no trabalho?

As respostas dos representantes do setor produtivo são então balizadas com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT), que traz os perfis dos cursos, e com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Assim são estabelecidas quais as competências fundamentais do curso em questão. A seguir, os especialistas internos e externos e os coordenadores de curso determinam quais as habilidades necessárias para que os estudantes consigam alcançar essas competências trazidas pelos empresários.

Por fim, acontece a definição conjunta dos conhecimentos necessários para que o estudante desenvolva essas habilidades e, desse modo, adquira essas competências. Esse processo resulta em uma matriz e em um plano de curso atualizados e em sintonia com o que o mercado requer atualmente. Ao todo, já foram atualizados 20 cursos técnicos no estado.

No início das discussões dos grupos, o principal desafio foi equilibrar as visões mais acadêmicas dos especialistas internos com as visões mais práticas dos representantes do setor produtivo. É o que relata Daiane Fraile, especialista em educação e gestora da educação profissional na Diretoria de Educação (Deduc) da Secretaria da Educação. “Isso nos levou a muitas reflexões. Se a educação profissional forma o jovem para uma profissão e quem o contrata é o setor produtivo, como conectamos mais o curso com essa ponta da empregabilidade? Será que alguns cursos precisam mesmo de tantos fundamentos acadêmicos, assemelhando-se quase a uma” pré-graduação”, se o setor produtivo está nos dizendo que não são necessários ao profissional que espera e que contratará?”.

Daiane atribui à atualização dos cursos técnicos o aumento no número de estudantes trabalhando como estagiários ou aprendizes no estado − de 5 mil contratos em 2023 para 18.490 até 21 de junho de 2024. “As contratações aumentaram principalmente por conta dessa conexão com o setor produtivo. Agora estamos com cursos que se ligam mais diretamente às necessidades e às demandas do empregador”.

Ao mesmo tempo, a secretaria também foi motivada recentemente a produzir materiais para subsidiar cada aula dos cursos técnicos, devido à dificuldade de encontrar para a educação profissional professores com experiência na docência, pois muitos deles vêm do setor produtivo, e à necessidade de assegurar a mesma qualidade das aulas nas várias cidades do estado.

Como não contava com equipe interna suficiente, a secretaria contratou a consultoria de especialistas indicados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para elaborar as aulas, a partir do plano de curso. Na sequência, a equipe pedagógica interna analisou e revisou os materiais, que foram inseridos na plataforma acessada pelos docentes. As aulas incluem, por exemplo, sugestões de atividades individuais e coletivas, e o professor tem autonomia para acrescentar outros conteúdos, se julgar que são necessários.

Para Paloma Lima, analista de Gestão do Conhecimento do Itaú Educação e Trabalho (IET), que apoia o Paraná nas ações de monitoramento e avaliação da EPT, é essencial que as políticas públicas de ampliação dessa modalidade no país sejam acompanhadas do cuidado com a qualidade dos cursos e com seu potencial de incluir os estudantes no mundo do trabalho. “Atualizar matrizes e planos de curso com a participação do setor produtivo e definir as aulas com base nisso contribuem para uma oferta mais qualificada e alinhada à demanda do mundo do trabalho, e isso deve gerar resultados positivos para os jovens do Paraná”, observa.

O estado está expandindo a oferta do ensino médio integrado ao técnico, partindo de cerca de 15 mil ingressantes em 2018 para quase 43 mil em 2024. Do total de ingressantes da etapa média de ensino, só no primeiro ano, cerca de 32% cursam a educação profissional integrada ao médio, e a meta para 2025 é alcançar 41%. Uma pesquisa do estado em 2024 mostrou que 77% dos estudantes do nono ano da rede estadual desejam fazer educação profissional e que 93% dos pais desses estudantes apoiam que o filho faça um curso técnico integrado ao médio.