Professores de SP realizam visitas técnicas de estudantes com ajuda de guia prático
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo elaborou e distribuiu para os professores da rede em 2024 o “Documento orientador para visitas técnicas”. O material tem guiado e auxiliado os docentes, de forma prática, a realizarem as visitas técnicas, que são “uma aula externa supervisionada, conduzida em empresa, instituição ou organização e acompanhada por um ou mais professores”. Essa aula é capaz de ajudar os estudantes de cursos técnicos a se familiarizar, em campo, com processos, dinâmicas e estruturas, reais ou simuladas, do mundo do trabalho e de sua profissão futura.
O documento foi distribuído a todas as escolas ofertantes de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) no estado e divulgado no boletim da secretaria para as Diretorias de Ensino, no replanejamento das escolas e nos encontros de formação. No processo o ponto focal da secretaria têm sido os supervisores e os PECs (professores especialistas em currículo) das Diretorias de Ensino. A iniciativa integra o Programa Educação Profissional Paulista de oferta de ensino profissional técnico de nível médio articulado nas forma integrada.
O guia define papéis e atribuições de cada responsável nas visitas e descreve formas de intervenção e procedimentos para a atuação nas organizações anfitriãs. Traz também orientações específicas para a preparação da visita técnica, ou pré-visita, como definição dos objetivos, critérios para a escolha do local, contato prévio com a instituição ou organização do evento e elaboração do plano de visita. Recomenda ainda sobre o momento exato da visita técnica, apontando o que deve ocorrer durante a presença dos estudantes nas instituições.
Por fim, estabelece entregas para o pós-visita, dedicado à avaliação e ao aprendizado, o que engloba relatório ou apresentação dos estudantes e relatório ou apresentação dos professores. Ao final, os anexos têm sugestões de perfis de instituição ou evento para visita técnica, indicações para a elaboração do plano de visita e checklist para os docentes certificarem-se de que não esqueceram nada.
“Elaboramos um guia prático para garantir que as visitas não sejam apenas passeios ou excursões, mas experiências educativas completas. Como o documento estrutura todas as etapas necessárias (antes, durante e depois da visita), profissionais e estudantes podem aproveitar ao máximo o potencial pedagógico de cada visita. Ainda assim, notamos que alguns docentes têm dificuldade para o registro, e vamos ter de trabalhar um pouco mais nisso”, relata Maria Cristina Noguerol Catalan, assessora técnica pedagógica na equipe da Educação Profissional da rede estadual. Ela explica que a visita técnica é uma boa forma de conectar conceitos que os estudantes estão aprendendo em sala com o mundo real do trabalho. “Notamos, por exemplo, que eles retornam da visita com um vocabulário muito mais rico”.

Todos os cursos técnicos do Programa Educação Profissional Paulista precisam promover pelo menos uma visita técnica por semestre, incluindo o curso de hospedagem, que, além da visita, também promove vivências práticas em hotéis. Os locais escolhidos pelos docentes para a visita técnica (instituições públicas ou privadas, universidades, feiras, congressos etc.) têm de estar relacionados às áreas do conhecimento e aos objetivos de aprendizagem, habilidades e competências do plano do curso dos estudantes.
A realização das visitas na rede paulista envolve o professor do Projeto de Apoio ao Estudante do Ensino Técnico (PAEET), que planeja e organiza todo o processo ao lado dos professores da Educação Profissional, o Coordenador de Gestão Pedagógica (CGP) e o Coordenador de Gestão Pedagógica Geral (CGPG) da unidade escolar. Cabe ao professor da Educação Profissional sugerir visitas alinhadas às aulas, orientar os estudantes sobre objetivos e normas de conduta, acompanhá-los, orientar as pesquisas e os registros e, ao final, avaliar as experiências que adquiriram.
O professor da rede estadual Marcos Luís de Oliveira, que atua em Piracicaba (SP), conta que realizou visitas técnicas para Expo ESG, SEMAE (Serviço Municipal de Água e Esgoto), Natuice e Caterpillar seguindo o conteúdo do documento orientador. “Se não fosse esse documento, eu não teria a base que eu tenho hoje para preparar o antes, o durante e o pós. Ele foi crucial também para que eu conseguisse desenvolver bons relatórios de pós-visita, cheios de evidências como fotos, vídeos e anotações dos alunos”.
Segundo ele, nas quatro visitas, com cerca de 32 estudantes cada uma, os jovens viram na prática assuntos como sustentabilidade, liderança empresarial e processos produtivos que haviam aprendido antes em sala de aula. Marcos é professor PAEET em uma escola local, apoiando outros docentes, e também leciona o componente carreiras e competência para o mundo do trabalho. Em outra unidade de ensino, ele ministra três componentes: matemática aplicada, carreiras e competências e introdução à logística, legislação e pessoas.
“A visita técnica aproxima os universos da escola e da empresa, muitas vezes bem distantes entre si. É essencial que educação e mundo do trabalho estejam mais próximos e alinhados para poderem proporcionar formação adequada aos jovens do ensino técnico, que precisam aliar teoria e vivência prática”, observa Felipe Reis Menezes, analista de Implementação e Desenvolvimento do Itaú Educação e Trabalho (IET) que apoia São Paulo na oferta da Educação Profissional e Tecnológica (EPT).